[Relatos] Dia 2 – Atacama – Lagunas Altiplanicas y Valle de la Luna y Muerte

 O segundo dia foi um pouco mais puxado. Acordei às 05:00, aguentando um frio delicioso no Atacama para ir ao passeio mais extraordinário visto até então. A primeira parada foi o Salar do Atacama, onde fica a Laguna Chaxa, repleto de várias espécies de flamingos que não me lembro o nome, procurando comida dentro da água. Nossa guia era 10, e nos explicou que os flamingos se sentem extremamente incomodados com barulho e por isso voam para longe. Levando em consideração que nós estavámos no habitat natural deles, nossa guia nos pediu educadamente para fazer silêncio, até mesmo para tê-los mais próximos de nós e fazermos fotos boas. Infelizmente, quando nos aproximavamos, eles voavam =(. Estava fazendo MUITO frio, e por isso eu não consegui aproveitar tanto e nem fazer minha meditação que é de praxe. Tomamos o café da manhã ali mesmo, com uma vista divina, e partimos para a segunda parada: Lagunas Mixcanti y Miñiques.

Chegamos a uma super altitude, mas felizmente eu não senti nada além de muito frio… mas a culpa foi minha pois não fui agasalhada o suficiente. Mas sério, eu não consigo encontrar palavras pra descrever o que é esse lugar, fiquei anestesiada diante de tanta beleza e me sentindo dentro de um quadro. Foi lá que me veio a maior vontade de agradecer a Deus e ao Universo pela oportunidade de apreciar aquilo com meus próprios olhos. É tanta beleza que o frio é um mero detalhe!

 Uma explicaçãozinha do lugar.. uma erupção vulcanica do Miñiques provocou o estancamento das águas, criando essas lagunas lindas.

 De lá, fomos para um vilarejo chamado Toconao. Lá tem lojinhas, e tivemos uma surpresa… quem comprasse aquelas batatinhas fritas tipo ruffles… recebia uma super visita! Não vou contar de quem, pra não estragar a surpresa de quem fechar o passeio no mesmo lugar que fechei… mas é bem legal, comprem… é baratinho, e vale a experiência!

 Voltamos para o centro, almocei, descansei um pouquinho, e a tarde fui para o Valle de la luna y Muerte. O passeio foi legal, mas não foi algo que me surpreendeu tanto. Talvez eu devesse ter seguido a sugestão da agência e feito este passeio antes de todos os outros, porque depois de ter uma visão estonteante na parte da manhã com as Lagunas Altiplanicas, eu não vi tanta graça assim no Valle, porém o passeio é legal, diferente dos outros que eu vi durante toda a viagem, e o por do sol lá é maravilhoso. Eu fiquei morrreeeeeendo de medo de subir no topo da montanha para ver o por do sol, mas encarei o desafio e não me arrependi. O arrependimento veio na hora de descer… kkkkkkk mas valeu a pena!

Voltei para o centro, jantei com a Thata que conheci no hostel, tomei umas cervejinhas, e só!

Sugestão para jantar: Restaurante La Pica del Indio, bom, bonito e barato!

[Relatos] Atacama – Como chegar, hospedagem e onde comer!

Preparados para o início dos relatos? =))))

Pensem em um lugarzinho rústico, com bastante terra, poucos habitantes, quente durante o dia, e congelando durante a noite. Quando cheguei na rodoviária, fiquei um pouco assustada ao olhar ao meu redor… na hora pensei “Isso é o Atacama? Acho que fui enganada…” mas em menos de cinco minutos já estava encantada com aquele lugar. E sendo sincera, sinto saudade dos lábios e nariz ressecados, da pele mais áspera, do meu cabelo armado por conta da terra, dos olhos ardendo, e de andar com uma garrafa de 2l de água comigo. kkkkk Coisas que só o deserto nos proporcionam!


Como chegar?

Avião: É a alternativa mais utilizada e mais rápida também. As duas companhias aéreas que operam o trecho Santiago – Calama (aeroporto mais próximo de SPA) são a Lan Chile e Sky Airlines! De Santiago até Calama são aproximadamente 2 horas e não existe, ainda, a possibilidade de sair direto do Brasil para Calama. Ao desembarcar no aeroporto, você pode contratar um transfer que te levará até o Atacama. A Licancabur faz o trajeto por 9 mil pesos (aproximadamente USD 18,00). É super confiável.

Ônibus: Essa foi a opção que escolhi no meu trajeto, porque a grana estava curta, simples assim. São aproximadamente 24 horas de viagem, então, você pode preparar seus meios de entretenimento a bordo porque você vai ter um tempão pra ler, ouvir música, comer, pensar na vida, ler de novo, dormir, dormir, dormir e dormir. Sinceramente? Não achei tão ruim assim! Comprei a passagem com a Pullman Bus (semi cama), pagando 24 mil pesos (aproximadamente USD 48,00). O ônibus me levou até Calama, e chegando em Calama, eu paguei mais 2.000 pesos para me levarem até o Atacama no mesmo ônibus. Foi bem tranquilo, mas sugiro que levem dramin para um possível enjoo no percurso!

Carro: Aproximadamente 23 horas de viagem, mas o ideal é que tenha alguém para revezar o volante com você, porque pode ser bem cansativo. Sinceramente, não conheci ninguém que fez essa rota de carro por conta própria, então não sei dizer como é a sinalização, e o valor que se gasta como um todo!


Onde se hospedar?

O Atacama tem uma série de hostels em que você pode ficar hospedado, hoteis, e até mesmo luxuosos resort com sistema all inclusive. Mas cara, se você está no deserto, se joga nessa vida rustica, que vale a pena. Inicialmente, eu ficaria no hostel Campo Base, que ganhou meu coração desde que saí do Brasil e que tinha uma série de boas recomendações.. mas.. o hostel estava lotado nos quartos compartilhados, tendo disponibilidade apenas nos quartos privados que custavam bem mais. Então, me hospedei no hostel do lado chamado La Ruca. O hostel é super bem localizado, a uns 3 minutos da rua principal Caracoles, ao lado de uns mini mercadinhos, tem boa limpeza, um café da manhã ok, e um edredon que me salvou das noites frias do deserto. Além disso, tinha um gatinho que fazia o favor de vir dormir comigo e me esquentar. Achei o máximo meu mascote temporário! =)

 Aqui algumas fotos do hostel La Ruca, onde fiquei hospedada. (As fotos do hostel não foram tiradas por mim, pois o tempo lá foi corrido e acabei esquecendo de registrar, mas são de sites de San Pedro do Atacama. As demais são minhas!)

 Recomendo o hostel!

 Sobre os passeios:

Atacama tem uma penca de agências localizadas no entorno e na própria Caracoles, e os preços variam entre as agências, por isso, eu sugiro que vocês pesquisem e comparem o preço dos passeios que querem fazer. Depois de muito comparar, eu fechei os pacotes em uma agência localizada no final da Caracoles… infelizmente, não lembro o nome da agência, mas é realmente a última, é de um brasileiro que faz um precinho camarada para seus conterrâneos. Fechei os passeios lá, e o Salar de Uyuni fechei em uma agência mais renomadinha que tinha boas recomendações (farei um post sobre o salar posteriormente).

 Os passeios que fiz foram:

  •  Valle de la Luna y de la muerte
  • Laguna Cejar
  • Ojos de Salar
  • Laguna Tebinchique
  • Lagunas Altiplanicas
  • Sandboarding no Vale de la Luna

Fiz todos esses passeios por 35.000 CLP (aproximadamente R$155,00)

Meio salgadinho sim, mas Atacama é caro até mesmo nas agências mais em conta. Eu queria muito fazer o passeio dos Geysers, mas infelizmente não deu tempo, e eu não quis passar por mais frio, tendo em vista que encararia o Salar em alguns dias. Mas todos que foram aos Geysers del Tatio disseram que vale muito a pena. Dica, viajantes!

Onde comer?

Atacama tem muitos lugares para comer, incluindo restaurantes vegetarianos que são muito bons. Eu recomendo dois restaurantes que foram os que eu mais gostei..

– La Pica del Indio: O restaurante me encantou, gente. Não é nada luxuoso, ou coisas assim.. é um restaurante familiar, com um preço bem camarada, com músicas andinas tocando ao fundo, e com uma comida super saborosa. Eles servem prato de entrada (geralmente é sopa), prato principal (você pode escolher entre três opções) e sobremesa. Não lembro bem, mas acho que a bebida era paga a parte! Sério, podem confiar, o restaurante é bom, bonito e barato.

– Estrella Negra – restaurante com comidinhas vegetarianas que são uma delícia. Podem provar!

– Há ainda, uma galeria na rua principal Caracoles, que tem alguns restaurantes lá dentro. Comi um dia pois estava com pressa pra ir a um dos passeios… é bem simples, mas é gostoso e baratinho, mas não lembro o nome. Sorry! =(

Agora, vamos ao relato do 1° dia que virá em um próximo post!

O primeiro mochilão a gente nunca esquece!!

É bem verdade que o primeiro mochilão a gente nunca esquece. Perdi a conta de quantas pessoas me taxaram de doida por embarcar sozinha rumo ao Chile, Bolivia e Peru. O que eu mais me lembro de ter escutado foi “Mas Ju, você vai pra esse bando de lugar sozinha? Eles podem roubar seus orgãos, é perigoso, você não devia ir”.. é verdade que isso poderia acontecer, mas eu sou da seguinte teoria.. quando algo tem que acontecer, acontecerá quer estejamos no Brasil, quer estejamos na Bolivia ou do outro lado do mundo. Felizmente, eu não dou ouvidos ao lado negativo da vida, pois se tivesse escutado.. eu não teria vivido essas experiências maravilhosas.

Pela primeira vez coloquei a mochila nas costas e saí por aí em um roteiro bem modesto: Santiago, Atacama, Salar de Uyuni, La Paz, Cusco, Machu Pichu.. e foi também a primeira vez que vi e pude sentir que a vida flui de uma maneira diferente quando estamos conectados com a natureza e com uma força maior a nossa volta. Senti frio, calor, medo, paixão, coragem, meditei e apreciei as belezas diferentes das que temos aqui, e sobretudo, cheguei a uma conclusão que é meio obvia, mas que foi capaz de me deixar meio desnorteada por um período de tempo… O mundo é grande demais para nos prendermos a certos padrões impostos pela sociedade e sobretudo, o mundo é grande demais para focarmos nos nossos micro problemas. Juro que cheguei a essa conclusão no auge do meu cansaço, depois de uma trilha bem exaustiva para chegar a Machu Pichu, mas quando cheguei lá em cima, foi como se tudo fizesse sentido na minha vida.

 Acho que não preciso dizer que essa viagem me abriu os olhos para as belezas do mundo e me fez enxergar que existem pessoas que levam uma vida tão mais difícil do que a nossa, e levam consigo um sorriso no rosto, independente das circunstancias da vida. Nesse quesito, preciso agradecer a Bolivia e Cusco, que me abriram os olhos para isso. Mais do que isso, essa foi a viagem que despertou e fez com que eu me tornasse uma pessoa ávida e sempre a espera de mais uma aventura.

Hoje vou começar a série de relatos do mochilão. Não pela ordem exata que percorri (começando por Santiago e terminando na Bolivia), mas começando pelos pontos que mais me tocaram durante toda a trip. Essa foi só uma introdução ao que a viagem representou pra mim, e espero que gostem, curtam e que os relatos sejam uteis para despertar um pouquinho da vontade de visitar alguns desses lugares. Precisando de dicas, já sabem, só mandar mensagens! =)